Divulgado mecanismo que destrói sensor de oxigénio das células
Descoberta feita em Coimbra pode travar consequências da diabetes e do cancro

Investigadores da Faculdade de Medicina Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Biomédico de Investigação, da Luz e Imagem (IBILI) identificaram o mecanismo que degrada o sensor de abastecimento de oxigénio nas células, o que poderá ajudar a travar as consequências da diabetes e do cancro.

Normalmente as células têm capacidade de responder às situações de privação de oxigénio (hipoxia), gerando novos vasos sanguíneos, mas no caso da diabetes isso não acontece, surgindo complicações patológicas como o enfarto do miocárdio e a retinopatia diabética, esta última a principal causa de perda de visão.

De acordo com Paulo Pereira, líder da equipa de investigadores, a descoberta consiste num “novo mecanismo molecular, uma nova proteína, que contribui para degradar o factor HIF-1, o sensor de oxigénio”, sendo que ainda foram identificados “todos os componentes moleculares que estão envolvidos nessa degradação”.
Com estes resultados será possível desenvolver terapias celulares que protejam da degradação esse sensor de oxigénio e no futuro desenvolver até terapias genéticas. “Ao impedir esse processo podemos assegurar, de alguma maneira, a sobrevivência das células em situações de hipoxia e de hiperglicemia, na diabetes. O maior impacto para a saúde será porventura este mesmo”, explicou o investigador à Lusa.

No entanto, Paulo Pereira diz que poderá ter também efeitos significativos no tratamento dos tumores sólidos, porque “o crescimento do cancro depende largamente de uma rede vascular adequada”. Assim sendo, este mecanismo pode “ser manipulado de maneira contrária ao que propomos na diabetes, que é no sentido de promover a degradação deste factor de resposta à hipoxia e assim impedir que os tumores cresçam, privando-os de oxigénio e privando-os dos meios que normalmente precisariam para crescer”, sublinhou.

(Baseado no artigo do Jornal online, Ciência Hoje,
2010-12-06)

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